Já Teresa teve os cabelos alisados e algumas mechas azuis incluidas no alto e atraz da cabeça.




- Nossas dolls são nossos avatares. A minha intenção, partindo dessa premissa, é fazer através delas aquilo que eu mais gosto: festa! Do batismo do meu perfil aos recursos que tenho, identifiquei que o apelo delas segue para o lado da vida noturna, aquele momento em que os amigos estão à vontade, a mente já atingiu altos níveis de prazer e vc tem vontade de dançar loucamente e distribuir o seu amor. As músicas são um personagem de destaque, e as frases soltas dessas músicas sugerem mais sentimento do que pensamento, são mais efeito do que causa.
Além disso, existe uma lésbica dentro de mim; neste ensaio e em vários anteriores brinquei com o homoerotismo feminino. Acho que isso vem de uma capa da revista "Allure" - de meados da década de 90, quando a estética das modelos atuais começou a ser delineada - em que duas new faces apareciam próximas, rosto com rosto, lindas e etéreas. Aquela imagem me marcou e eu adoro reeditá-la.
*** O que você quis passar com cada roupa?
- É preciso considerar que as minhas dolls não são Barbies: elas são menores, magérrimas, e têm um aspecto de meninas saindo da adolescência. Eu não consigo arrancar exuberância delas, sendo assim, a solução é sugerir atitude. Minhas fotos são o teatro da música noturna, e eu tento mostrar isso através do figurino. Sem assumir este ou aquele rótulo, sinto mais liberdade quando posso misturar conceitos como o infantil, o rock, o andrógino...
*** Como você customiza suas dolls e de onde vem os nomes delas?
- Voltando ao quesito tamanho, o material utilizado na customização das dolls maiores não serve pra mim, já tentei e fiz besteira. Por não ter bom traço, não tiro 100% da maquiagem Mattel; me limito às sobrancelhas, que repinto com canetas permanentes, criando uma dinâmica individual; a cor da íris, que original e cansativamente chega sempre azul, eu pinto com a caneta permanente ou com BIC - com esta, para fazer tons castanhos, passo uma mão de vermelho, depois verde, e selo com verniz opaco - por cima da pintura da fábrica, porque esferográfica direto na pele de boneca é crime!!! Meu maior problema é fechar e repintar as bocas, nunca sai do jeito que imagino, mas não é nada que tire a beleza das minhas filhinhas.
- Quanto aos nomes, tenho duas regras: seguir a ordem alfabética e batizá-las de acordo com a personalidade que cada carinha me inspira. Minhas duas dolls principais - Camila Dantas e Sabrina Santalla - são o exemplo do que disse. Camila sempre me deu uma sensação de menina boa, bonita, simples; Sabrina é nome de garotas ousadas, sexies, talvez por isso seja o nome que tantos travestis adotam. Irônico é concluir que são dois nomes femininos que eu gostaria de ter se tivesse nascido mulher. São dois nomes que eu já amava muito antes de ter bonecas, eram personas que existiam sem um corpo físico. Além disso, tem a questão da dupla nome/sobrenome ficar harmônica, marcante, como os dos atores e modelos da vida real. Vira a marca registrada de cada um.